sábado, 12 de dezembro de 2015

Debates: A Base Nacional Comum Curricular da Educação Básica

Debates:



A Base Nacional Comum Curricular da Educação Básica

Enquanto o Brasil vive uma crise sem precedentes na política e na economia, sem contar os problemas ambientais, está em curso uma ampla, necessária e importante discussão na área da educação básica: a criação de uma base nacional comum curricular (BNC), que é uma das premissas do Plano Nacional de Educação e deve estar em conformidade com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica.  O documento gerado pelo MEC, através de participação de mais de 100 especialistas, que está disponível para discussão e contribuições da sociedade há alguns meses, certamente ainda não teve a devida repercussão. De acordo com a página oficial da BNCC no Ministério de Educação (http://basenacionalcomum.mec.gov.br), o objetivo da BNCC é sinalizar percursos de aprendizagem e desenvolvimento dos estudantes ao longo da Educação Básica. O documento tem sido debatido em diversos fóruns, e como qualquer proposta tem prós e contras. A BNC tem pelo menos duas consequências importantes: uma mudança na formação de professores para o ensino básico e uma modificação fundamental no material didático. A versão inicial da BNC deverá ser aprovada pelo Conselho Nacional de Educação. A BNC está sendo construída a partir de quatro áreas do conhecimento: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas, e será mais uma ferramenta para ajudar e orientar na construção do currículo escolar. Daí sua importância para a formação do professor: a formação inicial precisa ter ela própria um currículo que “fale com a sala de aula da escola de ensino básico”, fato que não ocorre nos dias atuais. A formação continuada precisa urgentemente, mesmo antes da construção da BNC, atualizar metodologicamente os professores que estão em sala de aula para a realidade da escola do século XXI. Muitos dos conhecimentos essenciais para os estudantes de hoje já são conhecidos e métodos para ajudá-los a absorver estes conhecimentos também. No entanto, a maioria das cerca de 190  mil escolas do ensino básico – público e privado – do País “insiste” em educar como no séc. XX.
Um dos resultados deste modelo de aprendizagem aparece depois que o estudante sai da escola, tendo completado – ou não - o ensino médio: a falta de uma aprendizagem adequada naturalmente impacta para o resto da vida, e muitas vezes de forma negativa. Uma das áreas do conhecimento que compõem a BNCC são as Ciências da Natureza: Física, Química e Biologia. Entre os oito objetivos gerais indicados para esta área (veja todos os objetivos em  http://basenacionalcomum.mec.gov.br/#/site/interaja?ac=AC_CIN), destacamos um deles: mobilizar conhecimentos para emitir julgamentos e tomar posições a respeito de situações e problemas de interesse pessoal e social relativos às interações da ciência na sociedade. Este objetivo coincide com um dos significados do que se conhece como letramento científico, cujo tema tratamos em um texto neste blog (http://caleidoscopioufpe.blogspot.com.br/2015/09/indice-de-letramento-cientifico-um.html).
A BNC deverá ter sua primeira versão finalizada até junho de 2016, quando então irá ao CNE para posterior deliberação. O dia 2 de dezembro passado foi dedicado à BNC (http://basenacionalcomum.mec.gov.br/#/dia-base). Até 15 de dezembro haverá uma forte mobilização (pelo menos é a expectativa do MEC) com a participação de toda a comunidade escolar em todos os níveis. Em 15 de dezembro termina a primeira fase de recebimento de sugestões, mas o site ficará aberto e continuará recebendo contribuições.
É muito importante que os cursos de formação de professores da UFPE, nas diversas áreas e nos diversos campi, fizessem contribuições institucionais para este importante debate, que vai afetar diretamente estes cursos de graduação.


Anderson S. L. Gomes (andersonslgomes@gmail.com) é professor no
Departamento de Física da UFPE e membro do Conselho Técnico
Cientifico de Educação Básica da CAPES.

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