Debates:
A
Base Nacional Comum Curricular da Educação Básica
Enquanto o Brasil vive uma crise sem
precedentes na política e na economia, sem contar os problemas ambientais,
está em curso uma ampla, necessária e importante discussão na área da
educação básica: a criação de uma base nacional comum curricular (BNC), que é
uma das premissas do Plano Nacional de Educação e deve estar em conformidade
com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. O documento gerado pelo MEC, através de
participação de mais de 100 especialistas, que está disponível para discussão
e contribuições da sociedade há alguns meses, certamente ainda não teve a
devida repercussão. De acordo com a página oficial da BNCC no Ministério de
Educação (http://basenacionalcomum.mec.gov.br), o objetivo da BNCC é sinalizar percursos
de aprendizagem e desenvolvimento dos estudantes ao longo da Educação Básica.
O documento tem sido debatido em diversos fóruns, e como qualquer proposta
tem prós e contras. A BNC tem pelo menos duas consequências importantes: uma
mudança na formação de professores para o ensino básico e uma modificação
fundamental no material didático. A versão inicial da BNC deverá ser aprovada
pelo Conselho Nacional de Educação. A BNC está sendo construída a partir de
quatro áreas do conhecimento: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e
Ciências Humanas, e será mais uma
ferramenta para ajudar e orientar na construção do currículo escolar. Daí
sua importância para a formação do professor: a formação inicial precisa ter
ela própria um currículo que “fale com a sala de aula da escola de ensino
básico”, fato que não ocorre nos dias atuais. A
formação continuada precisa urgentemente, mesmo antes da construção da BNC,
atualizar metodologicamente os professores que estão em sala de aula para a
realidade da escola do século XXI. Muitos dos conhecimentos essenciais para
os estudantes de hoje já são conhecidos e métodos para ajudá-los a absorver
estes conhecimentos também. No entanto, a maioria das cerca de 190 mil escolas do ensino básico – público e
privado – do País “insiste” em educar como no séc. XX.
Um dos resultados deste modelo de aprendizagem
aparece depois que o estudante sai da escola, tendo completado – ou não - o
ensino médio: a falta de uma aprendizagem adequada naturalmente impacta para
o resto da vida, e muitas vezes de forma negativa. Uma das áreas do
conhecimento que compõem a BNCC são as Ciências da Natureza: Física, Química
e Biologia. Entre os oito objetivos gerais indicados para esta área (veja
todos os objetivos em http://basenacionalcomum.mec.gov.br/#/site/interaja?ac=AC_CIN),
destacamos um deles: mobilizar conhecimentos para emitir julgamentos e
tomar posições a respeito de situações e problemas de interesse pessoal e
social relativos às interações da ciência na sociedade. Este objetivo
coincide com um dos significados do que se conhece como letramento científico, cujo tema tratamos em um texto neste blog
(http://caleidoscopioufpe.blogspot.com.br/2015/09/indice-de-letramento-cientifico-um.html).
A BNC deverá ter sua primeira versão
finalizada até junho de 2016, quando então irá ao CNE para posterior
deliberação. O dia 2 de dezembro passado foi dedicado à BNC (http://basenacionalcomum.mec.gov.br/#/dia-base).
Até 15 de dezembro haverá uma forte mobilização (pelo menos é a expectativa
do MEC) com a participação de toda a comunidade escolar em todos os níveis.
Em 15 de dezembro termina a primeira fase de recebimento de sugestões, mas o
site ficará aberto e continuará recebendo contribuições.
É muito importante que os cursos de formação
de professores da UFPE, nas diversas áreas e nos diversos campi, fizessem
contribuições institucionais para este importante debate, que vai afetar
diretamente estes cursos de graduação.
Anderson
S. L. Gomes (andersonslgomes@gmail.com) é professor no
Departamento de Física da UFPE e membro do
Conselho Técnico
Cientifico de Educação Básica da CAPES.
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